quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O outro lado do balcão

“As centrais sindicais dos trabalhadores capitularam diante do governo Dilma. Na segunda-feira, três aeroportos serão privatizados e há 13 consórcios privatizados habilitados para o leilão. Nem a CTU, do PT; nem a CTB, do PC do B; nem a Força Sindical, do PDT, programaram qualquer manifestação de protesto. Os partidos de esquerda, agora no poder, engoliram a língua. 

A necessidade de ter o serviço fala mais alto do que a defesa da presença estadual, justifica o líder do PC do B, Osmar Júnior (PI).” O comentário no “Panorama Político” do jornal O Globo, edição de ontem, estabelece o confronto de ideias e interesses envolvendo siglas vistas como “puras” antes de escalar a rampa do poder. Não se questiona – aqui – a privatização dos aeroportos. Todos entendem – e estão certos – que este é o melhor caminho para fazer funcionar a viação comercial no País. Aliás, é a partir da Parceria Pública Privada (PPP) que o Aeroporto Internacional de São Gonçalo do Amarante começa a sair do sonho para a realidade. O debate é outro. O silêncio dos partidos de esquerda, agora, se contrasta ao grito – estriduloso – contra a privatizações nas últimas disputas presidenciais, com direito a dedo em riste na direção do inimigo tucano. 

Mas, será que PT, PC do B e PDT descobriram que privatizar é bom negócio para o País? Sem resposta, plausível. A necessidade faz a ocasião, reconhece a máxima popular. O fato é que ser governo não é tão simples como se imagina. E para quem fez barulho a vida inteira na oposição, então. O mesmo serve para o outro lado. Uma vez, o senador-ministro Garibaldi Alves Filho, em sua inquestionável sinceridade, disse que o seu partido, o PMDB, de tanto tempo no governo, havia desaprendido a fazer oposição. Ou, na melhor das hipóteses, se sentia incomodado para se posicionar no outro lado do balcão. No caso das siglas de esquerda, o incômodo é maior pelo histórico de “pureza”.
(César Santos)

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