Os problemas de seca prolongada registrados no semiárido brasileiro
devem se agravar ainda mais nos próximos anos por causa das mudanças climáticas
globais. Por isso, é preciso executar ações urgentes de adaptação e mitigação
desses impactos e repensar os tipos de atividades econômicas que podem ser
desenvolvidas na região, avaliam pesquisadores durante a 1ª Conclima
(Conferência Nacional de Mudanças Climáticas Globais), que ocorre até esta
sexta-feira (13), em São
Paulo.
O Primeiro Relatório de Avaliação Nacional do PBMC (Painel Brasileiro de
Mudanças Climáticas), que foi divulgado no dia de abertura da Conclima, estima
que esses eventos extremos aumentem principalmente nos biomas Amazônia, Cerrado
e Caatinga, e que as mudanças devem se acentuar a partir da metade e até o fim
do século 21. Dessa forma, o semiárido sofrerá ainda mais no futuro com o
problema da escassez de água que enfrenta hoje, alertaram os pesquisadores.
"Se hoje já vemos que a situação é grave, os modelos de cenários
futuros das mudanças climáticas no Brasil indicam que o problema será ainda
pior. Por isso, todas as ações de adaptação e mitigação pensadas para ser
desenvolvidas ao longo dos próximos anos, na verdade, têm de ser realizadas
agora", disse Marcos Airton de Sousa Freitas, especialista em recursos
hídricos e técnico da ANA (Agência Nacional de Águas).
Um estudo do órgão, com base em dados de vazão de bacias hidrológicas da
região, apontou que a duração média dos períodos de seca no semiárido é de 4,5
anos.
De acordo com
Freitas, a capacidade média dos principais reservatórios da região - com volume
acima de 10 milhões de metros cúbicos de água e capacidade de abastecer os
principais municípios por até três anos - está atualmente na faixa de 40%. E a
tendência até o fim deste ano é de esvaziarem cada vez mais.
"Caso não
haja um aporte considerável de água nesses grandes reservatórios em 2013,
poderemos ter uma transição do problema de seca que se observa hoje no
semiárido, mais rural, para uma 'seca urbana' - que atingiria a população de
cidades abastecidas por meio de adutoras desses sistemas de
reservatórios", alertou Freitas.
Transposição
do Rio São Francisco
O pesquisador
também defendeu que o projeto de transposição do Rio São Francisco tornou-se
muito mais necessário agora, tendo em vista que a escassez de água deverá ser
um problema cada vez maior no semiárido nas próximas décadas, e é fundamental
para complementar as ações desenvolvidas na região para atenuar o risco de
desabastecimento de água.
Alvo de críticas
e previsto para ser concluído em 2015, o projeto prevê que as águas do Rio São
Francisco cheguem às bacias do Rio Jaguaribe, que abastece o Ceará, e do Rio
Piranhas-Açu, que abastece o Rio Grande do Norte e a Paraí
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