Todo corrupto, ladrão e traficante já se perguntou um dia: o que é
que eu vou ser quando crescer? Em alguma encruzilhada a caminho da
maioridade dá-se o clique que faz de meninos e meninas inocentes adultos
delinquentes.
No México, uma fundação
bancada com verbas privadas e apoiada por movimentos sociais levou à
web um vídeo que antecipa o processo involutivo. Tem quatro minutos.
Exibe cenas de um país imaginário, 100% habitado por crianças.
Na peça, elas aparecem na pele de empesários desonestos, servidores
corruptos, assaltantes, sequestradores, traficantes de armas e de
pessoas. Ao final, uma menina diz para a câmera: “Se este é o futuro que
me espera, não o quero. Basta de trabalhar para seus partidos e não
para nós. Basta de mudanças superficiais…”
Concebido para chocar, o vídeo foi veiculado num instante em que o
México, às voltas com o recrudescimento do narcotráfico e da corrupção,
se prepara para escolher seu próximo presidente. Alguns poucos
enxergaram na iniciativa um quê de manipulação política e
sensacionalismo.
A maioria considerou que o vídeo leva a reflexões úteis. Os
principais candidatos pegaram carona na polêmica: o vídeo “está bem
feito. É forte, mas é a realidade”, disse o esquerdista Andrés Manuel
López Obrador.
O conservador Enrique Peña Nieto, do velho PRI, ecoou: “Apoio a
mensagem… O mesmo eu escuto em reuniões: ‘acabou o tempo’. É hora de
renovar e mudra o México.”
Josefina Vázquez Mota, presidenciável do centrista PAN, legenda do
atual president mexicano, viu no vídeo “uma convocatória que não pode
passar despercebida.” Quem ouve os contendores tem dificuldade para
entender como o futuro do México virou esse presente tão parecido com a
Idade da Pedra Lascada.
(Josias de Sousa)
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