terça-feira, 20 de abril de 2010

Pirotecnia da (in)segurança

Todas as pesquisas de opinião pública apontam a falta de segurança como o problema que mais afeta e preocupa a população norte-rio-grandense. O governador Iberê Ferreira de Souza (PSB) elegeu a área da segurança como “prioridade”, conforme revelou em todas as entrevistas que antecederam a sua posse.

Esperavam-se, então, medidas contundentes, capazes de enfrentar o crime organizado e, por consequência, devolver a paz e a tranquilidade ao cidadão de bem. Só que, pelo visto, o governador fez opção pela pirotecnia, arte de chamar a atenção, sem qualquer efeito concreto.

Esse sentimento é revelado pelo “Programa Estadual de Incentivo ao Desarmamento” que o governador apresentou ontem à Assembleia Legislativa. Uma peça frágil, resumida na criação de premiação ao policial – civil e militar – que apreender armas de fogo, acessórios e munição em situação irregular, com valores que variam de R$ 200,00 a R$ 400,00, de acordo com o calibre das armas apreendidas.

Não precisa se especializar para saber que o programa não resolve o problema. Sequer atenuará. Ora, a apreensão de armas, já prevista no “Estatuto do Desarmamento”, aprovado em 2003, não teve qualquer efeito na luta contra a violência no país, isso porque não alcança os bandidos. Se a Polícia não consegue prender bandido, logo não conseguirá desarmá-lo. Simples entendimento. Então, não seria melhor criar a gorjeta para o policial que prender o bandido? Aliás, é confuso entender como o Governo quer criar uma gratificação para uma tarefa que o policial já recebe para executá-la. Dinheiro do povo, ressalte-se.

Certamente, se a AL aprovar o programa, teremos uma caça ao cidadão comum que guarda em casa armas de pequeno calibre para a sua própria defesa, uma vez que o Estado se mostra incapaz de lhe garantir segurança. E quanto aos bandidos, eles vão continuar soltos e armados, uma vez que não há como desarmá-los se a Polícia não consegue prendê-los. Melhor para eles, os bandidos, que terão maior facilidade na ação marginal, vez que a população estará desarmada. E o policial com alguns trocados a mais no bolso.
(Fonte: Da coluna de César Santos)

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