segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Programa Bolsa Família engole o Fome Zero

Certo dia conversava com os amigos Wilmar Diniz e Dr. Gilberto Lobo, onde emitia a minha opinião de que o Bolsa Família não se tratava de uma fonte de distribuição de renda segura para as famílias em condições de pobreza e extrema pobreza. É bem verdade que o repasse tem melhorado a vida de muita gente e feito circular muito dinheiro aquecendo a economia nos municípios, mas vicia o cidadão e serve para fins eleitoreiros.

Na oportunidade Wilmar Diniz me pedia uma solução, “já que você é um formador de opinião no seu trabalho”.

Ora amigo quem sou eu para apontar tal solução. Mas, a equipe do governo certamente sabe como dirigir melhor os programas para a pobreza, quando dividir as ações concretas dos benefícios políticos.

Pesquisando aqui e ali, encontrei números que corroboram com o que eu dizia ao amigo. Senão vejamos: Na verdade, o que pouca gente sabe é que o Fome Zero é um programa de ações que é formado por um conjunto de ações que, entre outras, inclui a aquisição de alimentos provenientes da agricultura familiar, a implementação de restaurantes populares e o combate à seca por meio da construção de cisternas e nele está incluso o Bolsa Família.

Não é o Bolsa Família, mas o Fome Zero que ganhou proporções internacionais por ser um programa que realmente pratica uma boa distribuição de renda. Só que hoje, ele foi engolido pelo Bolsa Família que detem 90% dos recursos destinados à estratégia de mobilização para zerar a fome no País.

Em 2008, dos R$ 11,7 bilhões referentes às despesas executadas pelas 20 ações diretas do governo federal no Fome Zero, R$ 10,5 bilhões (90%) dizem respeito à “Transferência de Renda Diretamente às Famílias em Condição de Pobreza e Extrema Pobreza”, o Bolsa Família.

Ora amigo Wilmar Diniz, se apenas 10% dos recursos são destinados aos outros 19 programas do Fome Zero, entre eles aquisição de alimentos provenientes da agricultura familiar, a implementação de restaurantes populares e o combate à seca por meio da construção de cisterna, o governo está na contra-mão do que se propõe o Fome Zero!

A fundadora e coordenadora da Pastoral da Criança Internacional, Zilda Arns, também admitiu não entender bem as relações entre o programa e o Fome Zero e questionou: “Um substitui o outro? Um compete com o outro?”. Na época, Arns alertou para que o Fome Zero não se restringisse à transferência de renda, pois, segundo ela, “isso seria adotar políticas compensatórias que, a longo prazo, não promoveriam a inclusão social das famílias beneficiárias e, ao contrário, reforçaria a dependência delas em relação às políticas públicas”.

É por isso que apelidaram o Bolsa Família de “Bolsa Voto”.

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